Hoje escrevo sobre o meu Natal. Não só dos nossos e dos que quero construir enquanto mãe. Mas do que me lembro. Do que sempre idealizei. Do que consegui ter e do que deixei ir.
De pequena recordo (os poucos acho) Natais em que estivemos quase todos os primos (éramos 10 netos). Nunca todos juntos, mas entre primos e amigos houve um ou outro ano em que éramos muitos.
Uma árvore cheia de presentes. Camas no chão. Dormir no mesmo quarto onde o meu tio ressonava. No meio da minhas primas mais novas (sempre odiei dormir no meio). Da comida não me lembro. Nem uma memória sobre o que era a nossa tradição. De me esconder com o meu melhor presente no dia seguinte, para ninguém mexer.
E depois lembro Natais em que éramos só os 4. Com os meus avós paternos que se juntavam para jantar (mas confesso que não me lembro se quer se me davam algum presente). Tudo muito pequeno. Sem confusão.
Em setembro começava a poupar para os presentes. Nunca na expectativa de receber de volta, mas porque adorava dar presentes. Bons. Dos que deixam os olhos a brilhar.
Também recordo o ser eu a escolher/comprar o meu próprio presente. Ainda hoje acontece. Não gosto. Se por um lado recebo o que quero, por outro sinto uma falta de atenção. O “trata tu”. Acontece o mesmo com os presentes para os miúdos. E por vezes para todos os graúdos. Naqueles Natais em que eu faço de literal mãe Natal.
Não gosto.
Hoje procuro criar as tradições para os meus filhos. Na mesa. Com os cheiros dos pratos. Adoro teu peru de Natal na mesa. Não me lembro de ser uma tradição em minha casa. Confesso que odeio o bacalhau, mas já aprendi a aceitar ter o sr à mesa na noite da consoada. Assim como assim não tenho fome e acabo por não o comer.
Continuo a gostar de ver os outros abrirem presentes. Mas valorizo muito mais o que é feito por nós. Aquilo em que colocamos amor. E quanto o valor que cada coisa tem e o volume e quantidade de presentes.
Já tivemos Natais mais isolados e confinado por doença. Já tivemos o Natal com amigos por confinamento. Este ano recebemos o avô depois de uma passagem pelo hospital. Os adultos envolvem-se muito nas emoções que o Natal traz e acreditam que não é Natal se não estiverem todos felizes e a sorrir. Agradecer. Estarmos juntos. Estarmos com saúde. Vê-los a brincar e acreditar no Pai Natal. O xitex do dia seguinte.
Não deixes para o Natal o estar presente. O oferecer alguma coisa a alguém. O colocar amor no que cozinhas. E, acima de tudo, o Agradecer.
Feliz Natal.