Há dias em que perco o norte a quem sou. A quem quero ser. A intensidade com que o mundo gira, com que as solicitações surgem faz-me, muitas vezes, perder o norte.
O que quero? Como quero? Como chego lá?
Este ano em especial está a ser desafiante. Vou apanhando aqui e ali o que quero sem certezas que o quero. Parece que a crise dos 40 chegou aos 42. Talvez entorpecida pela pandemia. Ou talvez a crise não exista mas o relógio que não pára e te diz que estás agora no topo. Que te deverias sentir no teu melhor e fazer o que mais gostas. E a realidade nem sempre assim é.
Sinto falta de mais música nos meus dias. De mais natureza. De mais momentos de apenas estar. De mais livros (ainda que eles estejam à minha volta, por todo o lado). Da minha rotina. Dos meus pratos saudáveis e do meu foco.
A inércia nem sempre me deixa fazer.
Mas esta página. Este projecto nasceu de um momento assim. Em momentos sem norte: o foco na alimentação e mais tarde o foco em como ajudar outras pessoas, outras famílias. O sentimento de fazer pela comunidade. De ajudar num bem maior.
Basta tão só voltar aos básicos: no que comemos e no que queremos. Não querer o tudo e o nada. Num vazio que se mantém cheio de pequenos nadas.
Quem quero ser? Como me quero sentir? Como me imagino?
Quero ser (estar) presente. Em tudo o que faço e em tudo o que vivo. Quero sentir-me livre. Livre para apreciar cada segundo do crescimento dos Ms. Cada segundo da vida que vivo. Apaixonada tão simplesmente por estar viva. E por conseguir transmitir alegria e presença a quem me rodeia. Grata. Pelo que tenho. Pelo que já tive. De pé descalço na praia. No campo. Com sol a bater no rosto.